segunda-feira, 21 de junho de 2010

DIAPASÃO

Ele quis um dragão de Madagascar de estimação, ficou envergonhado pela importância que coisas ridículas adquirem (temporariamente) em sua vida, pensou em brilhar como a rua na chuva ou escorrer pela vala até o esgoto.

- Parece que se seguir rodopiando, rodopiando caio. Caio de cara no chão feito um desmaio, estatelado tal e qual estrela bêbada.

Abriu a porta e deu de cara com tudo como ontem, com tudo como no momento, CONTUDO ERA AGORA. Fechou-a novamente, abriu, e na segunda tentativa nada mudou. Marilyn permanece piscando no retrato, enquanto as plantas -tão mais mortas do que vivas- ainda estão lá. Será muita água? Pouco sol? O contrário disso? Falta de dedicação, apego, ternura, afeto, afeição? Uma verdade pessoal o amor. Como poderá alguém julgar a inclinação alheia pelas plantas na sacada? Nem ele mesmo jamais julgou.

Em uma noite de domingo é preciso acordar, tomar providências. Fantasias são somente devaneios sejam eles de doce de leite, baunilha ou psico-hortelã.

Duas horas pensando em problemas concretos e sem solução fizeram com que acendesse um cigarro, mas está tentando parar de fumar, apagou-o, deu duas voltas ao redor do sofá e resolveu ler. Em qual página foi mesmo que parou? Qual será seu próximo livro? São eles semelhantes as pessoas, nem todos valem a pena. São eles melhores que indivíduos, superiores a soldados, gigantescos se comparados aos imbecis.

A cor branca existe e não é imaginária, o colorido tem o fundo branco, e quando é branco você pinta de branco, oras. Não venha me dizer que o branco é furta-cor porque branco é branco até que o misture. Foi assim que pintou aquele quadro, um quadro branco, representando o branco, na parede branca. Poderia ter sido artista.

O que torna a realidade tão real que é difícil de aceitar? E todas essas pílulas que vem tomando e não sente o efeito começar, era para estar quase calmo, era para estar dormindo, fugindo nalgum sonho, em perigo e sitiado. No entanto, é madrugada e está só no meio da casa.

Um infindável bater de asas se possuísse asas. Porque entre guerras e congestionamentos UMA EXISTÊNCIA é um mar de roDas. E quando estar longe de quem se ama é uma opção, a saudade sem fim é a chaga sem cura que irá acompanhá-lo para sempre.

Imagem: Manet